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sábado, 27 de agosto de 2011

Um metro ou milhares de quilômetros, há diferença?


Como já havia comentado em um dos posts, a minha porta de entrada para o “mundo da EAD” foi como aluna, participando da "Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de São Paulo Paulo Renato Souza Costa".
Neste primeiro momento, gostei da flexibilidade de horário e da possiblidade de estudar em qualquer lugar. Percebi também que fazer um curso à distância não é sinônimo de “moleza”, pelo contrário: estuda-se muito mais! A necessidade de organização, planejamento e dedicação é fundamental para ter sucesso em um curso nesta modalidade, talvez mais do que na presencial...
No entanto, apesar da minha experiência como aluna, pouco conhecia sobre a teoria que fundamenta a EAD, sobre as discussões que permeiam esta “nova” modalidade de ensino...
A primeira coisa que me chamou a atenção foi o artigo do Prof. João Mattar “Por que eu apoio a Campanha Educação não é fast-food” (http://blog.joaomattar. com/2011/08/02/por-que-eu-apoio-a-campanha-educacao-nao-e-fast-food/). Como diz o próprio Mattar, “a campanha tem falhas, mas pode nos levar a refletir sobre o modelo de EAD que queremos para o Brasil”.
A reflexão sem romantismo sobre o paradigma de EAD que queremos, tanto para lecionar como para estudar deve ser feita por todos: militantes, alunos, professores, etc. Devemos ser capazes de enxergar a realidade que estamos inseridos e discutir sobre ela sem "rodeios", como, por exemplo, a enorme quantidade de alunos que um tutor on-line tem que atender ao mesmo tempo nas salas virtuais. Educação a distância não deveria ser sinônimo, como muitas vezes vem sendo, de educação auto-intrucional. Alunos acabam tendo que conduzir seus estudos sozinhos pela falta de um tutor ou por este mesmo não ter condições de dar a atenção necessária devido ao grande número de alunos que atende de uma única vez.
Aí entramos em outra questão relevante: a demissão de professores. Este têm sido o significado em muitas universidades para a EAD. Como diz o professor Celso Roberti, “um dos qualificadores de um bom curso a distância é a relação entre professores e alunos que a instituição mantém”. O professor deve manter sua função, porém usando outros meios para interagir com os alunos.
A EAD não deve ser vista somente como uma forma de redução de custos, mas sim como forma otimização de recursos. Permite que um professor atenda um número maior de alunos, uma vez que estes interagem em momentos distintos, que a instituição aumente o seu quadro de alunos sem um incremento na sua estrutura física, a criação de turmas em novas regiões sem a necessidade de construção de novos prédios, no entanto necessita de um grande investimento no desenvolvimento do curso (materiais, vídeos, atividades interativas) e o custo do professor que deve continuar sendo o mentor dos alunos.
Sobre a formação deste mentor, seja presencial, seja EAD, a necessidade de aprimorar-se em Tecnologias da Informação e Comunicação é essencial. Ao mesmo passo, é de igual importância que os profissionais saibam mediar a relação entre aluno, tecnologia e aprendizagem, uma vez que a tecnologia “mal aplicada” pode trazer prejuízos à educação.
Acima de tudo que foi discutido, o grande problema é que a dificuldade de aprender permanece a mesma: não há via curta para o aprendizado e maus hábitos o tornam quase impossível. Sem esforço, preparo, dedicação e sacrifício não há apropriação do conhecimento, estando o professor a 1 metro ou milhares de quilômetros! 

sábado, 6 de agosto de 2011

“Ciclo de gestão do conhecimento pessoal”

Dos textos que eu tenho lido e dos vídeos que eu tenho assistido sobre EAD nestas últimas semanas, o que mais me chamou a atenção foi a fala de Pierre Lévy no Simpósio Hipertexto 2010.

Sempre me achei um pouco dispersa, mas só percebi o quanto é fácil “se perder” em meio as informações quando iniciei a tarefa de construir este blog.

Primeiramente comecei a “garimpagem” sobre os blogs de EAD disponíveis, e são MUITOS! Cada qual com sua visão, particularidades, comecei a achar tudo interessante, queria colocar todos como referência, sem saber ao certo porque. Em uns achava o autor simpático, convidativo, em outros gostava do conteúdo e por aí vai...

Até percebia que perdia o foco quando começa a entrar em tudo quanto é link que pulava na minha frente, principalmente no youtube...

Até achar a conferência de Pierre Lévy sobre “Ciclo de gestão do conhecimento pessoal” disponível no youtube e indicado no blog da Ana Beatriz (http://anabeatrizgomes.blogspot.com/)

Direto ao ponto! Em nove passos, ele nos orienta como devemos proceder com o estudo no enorme fluxo de informação disponível na internet.

1.     Gestão da atenção (Prioridade: o que eu quero aprender?)

2.     Conexão com fontes confiáveis

3.     Coletar e agregar informações

4.     Filtrar

5.     Organização das informações

6.     Registro (memória de longo prazo)

7.     Síntese

8.     Compartilhamento (“diálogo criativo”)

9.     Reavaliação.

Vale a pena assistir!

http://www.youtube.com/watch?v=ZLwgyui0Rxw&feature=player_embedded

Educação a distância = demissão de professores?

Continuando a falar sobre “educação fast-food”, a EAD, em muitas universidades, têm sido sinônimo para demissão de professores.
Como diz o professor Celso Roberti, “um dos qualificadores de um bom curso a distância é a relação entre professores e alunos que a instituição mantém”.
Ele ressalta que: Educação a distância NÃO É educação sem professor!
Diz ainda que “existe sim uma modalidade de educação chamada auto-instrucional, onde o aluno tem que conduzir seu estudo sozinho. Um modelo importante para algumas situações e que é muito utilizado no mundo corporativo para nivelamento de conhecimentos. Um modelo que demanda grandes investimentos em tecnologia pois o sistema tem que dar o máximo suporte ao aluno, o que de maneira alguma substitui o professor.
Mas esse não é o caso das instituições de ensino de graduação e pós que são reconhecidas pelo MEC. Nessas, por razões óbvias, o professor mantém sim sua função porém usando outros meios para interagir com os alunos.
Afinal, é isso que a EAD traz: distância física, distância temporal. Essa é a grande sacada. Um modelo que permite que alunos de diferentes regiões interajam com a instituição de ensino que preferirem. Alunos que não tem como conciliar sua agenda com o horário tradicional de uma universidade passam a ter uma possibilidade de adquirir o conhecimento que desejam, pois podem fazer o seu curso de acordo com a sua agenda.
Em matéria de negócios, a EAD não pode ser vista como uma forma de redução de custos, mas sim de otimização de recursos. Permite sim que um professor atenda um volume maior de alunos, pois estes passam a interagir em momentos distintos. Mais do que isso, permite que a instituição aumente o seu quadro de alunos sem um incremento na sua estrutura física.
Para os administradores de plantão, estamos falando em aumento de alunos com baixo CAPEX (Capital Expenses). Para criar uma turma em uma nova região, não é necessário a construção de um prédio e todos os seus custos associados. Apenas um ponto de presença, com menos recursos, e que pode ser uma estrutura compartilhada com uma escola local.
Necessita sim de um grande investimento no desenvolvimento do curso (materiais, vídeos, atividades interativas). Porém, feito isso, a criação de turmas tem basicamente o custo do professor. SIM ! Ele permanece, ele conduz, ele tira dúvidas, ele continua como o mentor dos alunos, o mestre.”

Educação fast-food

Minha primeira experiência como aluna EAD foi na "Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de São Paulo Paulo Renato Souza Costa", que tem como objetivo "formar" os professores ingressantes na rede após aprovação em concurso público antes de iniciarem na sala de aula.
De maneira geral, achei o curso proveitoso. Principalmente pela diversidade de atividades solicitadas aos participantes, desde múltipla escolha a questões dissertativas em matemática (que é minha área).
No entanto, nenhuma das atividades solicitadas naquele curso foi tão significativa como a construção deste blog.
Apesar de ter realizado o curso on line e achado válido, nunca li muito, na verdade nada, sobre Educação a Distância antes da pós.
Confesso que após ler o artigo “Por que eu apoio a Campanha Educação não é fast-food” (http://blog.joaomattar.com/2011/08/02/por-que-eu-apoio-a-campanha-educacao-nao-e-fast-food/) na íntegra, não só entendi o porque do Prof. João Mattar defender a campanha como também concordo com ela.
Como diz Mattar, “a campanha tem falhas, mas pode nos levar a refletir sobre o modelo de EAD que queremos para o Brasil”.
A reflexão sem romantismo sobre o paradigma de EAD que queremos, tanto para lecionar como para estudar deve ser feita por todos: militantes, alunos, professores, etc. Devemos ser capazes de enxergar a realidade que estamos inseridos e discutir sobre ela sem "rodeios".
A enorme quantidade de alunos que um tutor on-line tem que atender ao mesmo tempo nas salas virtuais não fica muito atrás das salas presenciais. Com salas inchadas, a qualidade das provas e atenção que o professor consegue dedicar a cada aluno não acaba sendo muito diferente...
A "Educação fast-food" infelizmente não acontece só a distância, ela já chegou aos campus também...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Fredric Litto critica exigência de ações presenciais


Há pouco mais de uma semana, o Senado Federal aprovava o projeto de Lei que prevê a obrigatoriedade de momentos presenciais em cursos na modalidade de educação a distância (EAD), além de determinar que também deverão ser presenciais os estágios obrigatórios, quando previsto na legislação, ou nas atividades relacionadas a laboratórios, se for o caso. A proposta original (PLS 118/04) foi apresentada pelo senador Hélio Costa (PMDB-MG), em 2004, e só agora será submetida a uma votação suplementar para, depois, ser enviada ao exame da Câmara dos Deputados.
“A obrigação de ter elementos de presencialidade em cursos a distância descaracteriza a natureza básica da EAD, e só deve existir quando houver motivos educacionais apropriados e justificáveis, apoiados em evidências claras e convincentes”, disse o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Fredric Michael Litto, em entrevista à FOLHA DIRIGIDA.
O especialista em EAD e fundador da Escola do Futuro, unidade da Universidade de São Paulo (USP) dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de projetos que aplicam a tecnologia à educação, acredita que a proposta, que corre há vários anos no Congresso visando exigir presencialidade obrigatória em todos os cursos oferecidos a distância no país, incorre em alguns erros. Para ele, o primeiro é a tentativa de considerar a aprendizagem a distância algo
estático, uma modalidade educacional que não avança e não se aperfeiçoa no correr do tempo.
“Numa  época de tantas mudanças rápidas e profundas em tecnologia, pedagogia e formas de trabalhar, uma definição do que seja a EAD sempre corre o risco de ter pouca durabilidade”, disse Litto. Outro ponto levantado pelo professor é que a realidade deixa evidente que “um tamanho de sapato não serve para todos”. Ou seja, da mesma forma como o leque de níveis de estudos é grande (ensino fundamental, médio e superior, e incluindo a pós-graduação), assim também é a diferenciação encontrada nas áreas de conhecimento humano, onde algumas são essencialmente teóricas (como Matemática, Filosofia, História e Letras), enquanto outras são em grande parte uma mistura de teoria e prática, assim justificando uma certa presencialidade.
Por fim, o presidente da Abed lembra que a Constituição do Brasil, no seu Artigo 207, garante às universidades autonomia na instrução e na administração. Na sua opinião, qualquer tentativa de legislar sobre assuntos científicos ou pedagógicos representa não apenas uma interferência inconstitucional, mas também um exemplo fútil de micro-gerenciamento. “O próximo passo será os legisladores aprovarem leis obrigando matemáticos e físicos a usarem gravatas durante o expediente diário. ‘Autonomia’ é um termo que não permite qualificação; ‘autonomia supervisionada’ ou ‘autonomia regulamentada’ são aberrações lógicas”, finalizou Fredric Litto.
Débora Thomé


http://ead.folhadirigida.com.br/?p=2861